Fui assistir "Moça com brinco de pérolas". Saí do filme pensando uma única coisa, se essa história for real, não tem graça. A graça é se for ficção. Fiquei achando sensacional alguém tirar de um quadro simples, com um rosto e fundo preto, uma vida. Vim procurar na internet e era mesmo uma ficção histórica, mas uma ficção. Uma escritora norte-americana que vive em Londres, Tracy Chevalier, "Eu estava deitada um dia, olhando para o meu pôster da Moça com brinco de pérola (ou a moça do turbante) do Vermeer, e tentando decidir o tema do meu próximo livro. Então pensei sobre o que Vermeer teria dito ou feito para que a moça tivesse aquela expressão no rosto. Aí decidi: isso dá uma história". Era exatamente o que eu tinha imaginado. O romance, conseqüentemente o filme, descreve a vida na Holanda do século XVII, detalhes de hábitos alimentares, vida cotidiana, richas religiosas entre protestantes e católicos ("se você for obrigada a ouvir a reza deles, tape os ouvidos"), e principalmente o mundo da arte e da pintura: os mecenas, a preparação das tintas, a percepção da época, as técnicas. E mostra é claro a arte do Jan Vermeer, algumas pinturas são mostradas no filme.
A fotografia do filme aparenta que é o tempo todo uma pintura, é a mesma luz dos quadros. Fui procurar imagens das pinturas dele, e a imensa maioria é dentro do ateliê que é reconstruído no filme, ó praí, tudo no mesmo lugar, na beira da janela.